Descubra a trajetória de The Witcher, da criação literária ao sucesso global nos jogos e na Netflix. Veja como a franquia evoluiu, conquistou fãs e o que esperar do aguardado The Witcher 4: Polaris. Analisamos o impacto, os spin-offs e o legado dessa lenda dos RPGs.
The Witcher é uma lendária série de RPGs que nasceu do universo de fantasia eslava criado por Andrzej Sapkowski e se tornou um fenômeno cultural global. Desde o lançamento do primeiro jogo em 2007, desenvolvido por um pequeno estúdio polonês, a franquia conquistou milhões de fãs ao redor do mundo. Ao longo de suas três partes principais, a história do bruxo Geralt de Rívia evoluiu de um RPG modesto para um universo aberto grandioso, aclamado como "jogo do ano". Spin-offs como jogos de cartas e aventuras narrativas expandiram o universo, enquanto os livros originais de Sapkowski viveram um renascimento. Até mesmo a adaptação da Netflix trouxe uma nova legião de fãs. A seguir, revisamos essa trajetória - dos primórdios até o aguardado projeto Polaris ("The Witcher 4"), destacando o desenvolvimento do gameplay, da tecnologia e do legado de The Witcher.
Lançado pela CD Projekt RED no outono de 2007, o primeiro jogo da série apresentou Geralt de Rívia em suas aventuras virtuais. A trama ocorre após os eventos da saga literária: Geralt, dado como morto, retorna à vida sem memória e precisa reaprender seu ofício. Baseado no universo sombrio de Sapkowski, o jogo é fiel à atmosfera dos livros - mesmo que o autor não tenha reconhecido a história como canônica. Geralt une-se a seus companheiros de Kaer Morhen para repelir um ataque da organização Salamandra, iniciando sua jornada por Temeria. O enredo desafia o jogador com escolhas morais que alteram o rumo dos acontecimentos e levam a múltiplos finais, tornando a narrativa não-linear uma marca registrada da franquia.
O gameplay mistura sistema de RPG e combates dinâmicos com habilidades de bruxo. A luta envolve diferentes estilos - rápido, forte e grupal - que Geralt alterna conforme o tipo de inimigo. O timing dos cliques cria um ritmo único nos duelos. Geralt empunha duas espadas (aço para humanos e prata para monstros) e sinais mágicos. A alquimia é vital: coletar ingredientes e preparar poções concede poderes temporários, remetendo à essência dos bruxos nos livros. O mundo é dividido em grandes áreas - como as terras de Temeria, pântanos e vilarejos - que podem ser exploradas livremente, repletas de NPCs e missões secundárias. Mini-jogos (dados, lutas) e contratos de caça enriquecem o conteúdo.
Do ponto de vista técnico, The Witcher (2007) foi desenvolvido sobre uma versão aprimorada da engine Aurora (BioWare). Para sua época, o jogo impressionava: modelos detalhados, ciclos de dia e noite, sombras realistas. O projeto levou cerca de quatro anos e custou cerca de 19 milhões de zlotys - expressivo para o leste europeu dos anos 2000. Recebeu elogios pelo enredo envolvente, mundo bem construído, trilha sonora e sistema de combate. Críticas apontaram bugs, longos loadings e animações rígidas, naturais para uma equipe iniciante. Em 2008, a Edição Aprimorada corrigiu muitos problemas e adicionou conteúdo, ampliando a base de fãs e preparando terreno para as sequências.
Na primavera de 2011, The Witcher 2: Assassins of Kings chegou como sequência direta do primeiro jogo. Após salvar o rei Foltest, Geralt se vê envolvido em intrigas políticas e é acusado injustamente de regicídio, enquanto persegue Letho, um bruxo assassino. O enredo amadureceu, abordando poder, racismo e dilemas morais. O jogador deve escolher entre aliados como Roche ou Iorveth, o que determina caminhos totalmente diferentes no segundo ato - seja na cidade de Vergen ou no acampamento dos exércitos de Kaedwen. Essa ramificação resulta em 16 finais distintos para o mundo, aumentando drasticamente o fator replay. A abordagem inovadora permitiu que cada jogador vivesse sua própria versão da história.
No gameplay, a ação ficou mais fluida, abandonando o sistema de cliques cronometrados em favor de combos livres, esquivas e bloqueios. Geralt ganhou novas táticas, como armadilhas e arremesso de facas. O controle e a câmera foram aprimorados, especialmente para o lançamento no Xbox 360 em 2012. As missões secundárias se tornaram mais profundas, os diálogos mais cinematográficos e o ambiente mais interativo. A árvore de habilidades se expandiu, incentivando estilos diferentes de jogo. As batalhas exigem uso criativo de elixires, bombas e sinais. Destaque para missões com escolhas morais ambíguas, sem respostas "certas".
O salto técnico foi notável: a CD Projekt desenvolveu sua própria engine, a REDengine, com gráficos avançados, sombras dinâmicas e efeitos climáticos realistas. A modelagem dos personagens, iluminação e ambientação elevaram o padrão dos RPGs. O jogo agradou críticos e jogadores, recebendo notas em torno de 88/100 no Metacritic. O sucesso consolidou a reputação da CD Projekt e ampliou a base global de fãs, preparando o terreno para o capítulo mais ambicioso da saga.
Lançado em maio de 2015, The Witcher 3: Wild Hunt consagrou a CD Projekt RED e levou a franquia a um novo patamar. O enredo conclui a história de Geralt: agora reunido com Yennefer, ele se torna caçador imperial, em busca de Ciri - sua filha adotiva e portadora de um poder ancestral. Ciri está ameaçada pela mítica Caçada Selvagem, e Geralt viaja por Velen, Novigrad e Skellige em uma narrativa que mistura dramas pessoais e épico fantástico. O jogo utiliza personagens e elementos dos livros, mas expande a trama com linhas próprias e múltiplos desfechos - o destino de Ciri, de Geralt e do mundo variam conforme as decisões do jogador, totalizando cerca de 36 finais possíveis.
O grande diferencial é o mundo aberto: vastas regiões podem ser exploradas sem telas de carregamento, repletas de missões, monstros e segredos. Missões secundárias ganharam profundidade inédita, muitas vezes superando a trama principal em emoção e narrativa, como o arco do Barão Sangrento ou investigações de desaparecimentos. O conteúdo é tão extenso que completar o jogo pode levar mais de 100 horas. As atividades vão de caça a monstros e busca de tesouros até torneios e investigações, tudo integrado organicamente ao universo.
O sistema de combate foi aprimorado: Geralt pode lutar a cavalo, usar besta, interagir com o cenário (explodir barris, por exemplo) e personalizar equipamentos das escolas de bruxos. O mundo é dinâmico, com NPCs que mudam de comportamento conforme o horário, além de clima que afeta a jogabilidade. O menu foi redesenhado para lidar com a abundância de conteúdo, e melhorias vieram em patches futuros, incluindo uma HUD alternativa.
A atenção aos detalhes foi determinante para o status cult do jogo: diálogos são bem dublados e animados, personagens têm expressões ricas e o mundo está sempre repleto de acontecimentos, criando uma atmosfera medieval vívida. Não à toa, Wild Hunt foi eleito Jogo do Ano em 2015 e figura entre os melhores da década. Até março de 2016, já havia vendido mais de 10 milhões de cópias.
Tecnologicamente, a engine REDengine 3 permitiu cenários vastos, gráficos de ponta e efeitos climáticos realistas - como tempestades em Skellige ou pores do sol em Velen. O jogo exigia hardware robusto, mas recompensava com visuais impressionantes. Expansões gratuitas e DLCs como Hearts of Stone e Blood and Wine adicionaram regiões e histórias, encerrando a saga de Geralt com dignidade. Em 2022, o patch "Next-Gen" trouxe melhorias gráficas para a nova geração, reafirmando a longevidade da obra.
The Witcher 3 concluiu a saga de Geralt em grande estilo, sendo considerado um dos maiores jogos de todos os tempos. Mas o universo Witcher continuou a crescer, com spin-offs e novas mídias, como veremos a seguir.
Além da trilogia principal, a CD Projekt RED expandiu o universo Witcher com jogos derivados. Os mais relevantes são o card game Gwent e o RPG independente Thronebreaker: The Witcher Tales, que deram novos ares à franquia.
Após o sucesso do minijogo de cartas em Wild Hunt, a CD Projekt lançou Gwent: The Witcher Card Game em 2018 como um jogo online gratuito. Dois jogadores se enfrentam em partidas estratégicas, disputando rodadas com cartas de tropas, magias e heróis do universo Witcher. O objetivo é vencer dois dos três rounds, combinando planejamento tático, blefe e sinergia entre cartas. A versão standalone trouxe novas mecânicas e balanceamento, expandindo a profundidade dos duelos. Desenvolvido em Unity, Gwent chegou ao PC, consoles e mobile. Recebeu expansões temáticas, torneios oficiais e uma liga de eSports, consolidando-se como referência no gênero.
Lançado em 2018, Thronebreaker: The Witcher Tales é um RPG narrativo com batalhas táticas de cartas. O jogador assume o papel da rainha Meve, governante de Lyria e Rívia, durante a Segunda Guerra do Norte. Meve deve reunir seu exército, enfrentar Nilfgaard e lidar com traições internas, tomando decisões morais que afetam aliados e o desfecho da campanha. A aventura combina exploração de mapas, administração de recursos e confrontos no formato de Gwent, muitas vezes apresentados como puzzles criativos. O visual desenhado à mão e a dublagem de alta qualidade reforçam o charme do jogo. Críticos elogiaram a trama envolvente e a fusão de gêneros, embora apontem que o apreço por card games potencializa a experiência.
Outros spin-offs incluem o mobile The Witcher: Monster Slayer (2021), a extinta MOBA Witcher Battle Arena (2014) e um remake planejado do primeiro jogo. Mas Gwent e Thronebreaker são os derivados mais impactantes, enriquecendo o lore e mantendo o interesse enquanto a série principal se prepara para novos capítulos.
A popularidade de The Witcher cresceu ainda mais com adaptações em outras mídias. Em 2019, a Netflix lançou a série baseada nos livros de Sapkowski, estrelada por Henry Cavill como Geralt. O show rapidamente se tornou fenômeno global, liderando rankings de audiência. Apesar de debates sobre fidelidade à obra original, a série atraiu milhões de novos fãs para o universo Witcher, impulsionando vendas dos jogos e dos livros - só nos EUA, as vendas da saga literária aumentaram mais de 500% após a estreia.
É importante notar que a série e os jogos têm abordagens narrativas diferentes: enquanto a adaptação da Netflix segue fielmente os livros, os jogos funcionam como uma "continuação", imaginando o que aconteceria após o final dos romances. Ambos se complementam, ampliando o alcance da franquia. Cada novo lançamento de temporada coincide com picos de jogadores em Wild Hunt e vendas recordes, demonstrando como o sucesso midiático retroalimenta o interesse pelo universo Witcher.
Mesmo recebendo críticas de fãs antigos por certas liberdades criativas, a série foi decisiva para popularizar a marca mundialmente. Músicas como "Toss a Coin to Your Witcher" viraram memes, e a imagem de Geralt, encarnada por Cavill, entrou de vez para a cultura pop. O resultado foi um "renascimento" para Wild Hunt, que ganhou uma nova geração de fãs anos após seu lançamento.
Dez anos após Wild Hunt, os fãs finalmente receberam notícias sobre a sequência aguardada. Em março de 2022, a CD Projekt RED confirmou o início do desenvolvimento do novo jogo, codinome Polaris, conhecido popularmente como "The Witcher 4". A equipe anunciou que Polaris será o ponto de partida de uma nova trilogia AAA, planejada para ser lançada em seis anos após o primeiro título.
A grande curiosidade girava em torno do protagonista e da trama. Após muitos rumores, foi confirmado no The Game Awards de 2024: o papel principal será de Ciri. O trailer mostra uma Ciri adulta, agora uma verdadeira bruxa, empunhando as duas espadas - herdeira do legado de Geralt. O jogador poderá moldar sua personalidade e visão de mundo ao longo da história, que se passa alguns anos depois do final de Wild Hunt. A CD Projekt promete incorporar as múltiplas conclusões do jogo anterior de forma elegante, para que cada jogador sinta continuidade em sua jornada. Geralt aparecerá, mas não como protagonista - tudo indica que será um mentor ou NPC importante, mantendo a ligação entre gerações.
Do ponto de vista técnico, Polaris marcará a transição da CD Projekt para a Unreal Engine 5, garantindo gráficos de última geração, física realista, iluminação global (Lumen) e objetos hiper-detalhados. Em 2025, um demo técnico exibiu o potencial do motor, prometendo um mundo aberto ainda mais rico e interativo. O objetivo é aprofundar a densidade das atividades, não apenas ampliar o mapa.
O desenvolvimento já está em plena produção, com mais de 400 funcionários envolvidos. A liderança está a cargo de Sebastian Kalemba, veterano da série. A equipe está determinada a evitar problemas do passado, testando o jogo desde cedo em todas as plataformas (PC, PS5, Xbox Series). Analistas preveem o lançamento apenas para 2026, pois a prioridade é a qualidade. Com Ciri como protagonista, suas habilidades únicas e status de última portadora do Sangue Antigo abrem novas possibilidades narrativas. O legado de Geralt será honrado, mas o centro da saga passa a uma nova geração.
The Witcher 4: Polaris promete inaugurar uma nova era para a série, unindo tecnologia de ponta, um olhar renovado sobre o universo de Sapkowski e o espírito do sombrio folclore eslavo. A franquia percorreu um longo caminho desde 2007, transformando-se em fenômeno global. Com novas aventuras a caminho, fãs antigos e novos aguardam ansiosos para descobrir o que Polaris trará - e a jornada do Bruxo está longe de terminar.