Descubra a trajetória de Final Fantasy, do pioneiro de 1987 ao revolucionário XVI, passando por spin-offs, remakes e os jogos que marcaram gerações. Analisamos mecânicas, personagens e a influência da franquia nos RPGs e na cultura gamer.
O primeiro Final Fantasy deu origem a uma das franquias de RPG mais influentes da história dos videogames. Lançado em 1987, o jogo apresenta os quatro Guerreiros da Luz, portadores de cristais elementais enfraquecidos por forças demoníacas. A missão deles é restaurar o brilho dos cristais e salvar o mundo do caos. Criado por Hironobu Sakaguchi em um momento decisivo para a Square, o sucesso inesperado não só salvou a empresa da falência, como também definiu as bases do gênero RPG nos consoles.
Final Fantasy I introduziu várias inovações: exploração livre de um grande mundo, cidades e masmorras, batalhas por turnos baseadas em menus, sistema de classes com evolução (guerreiro, mago, ladrão, entre outros), e até a utilização de um airship para viajar. Esses elementos se tornaram pilares do gênero. O jogo foi amplamente elogiado, recebeu relançamentos e remakes em diversas plataformas, e é considerado uma das RPGs mais influentes do NES, popularizando o estilo e estabelecendo temas recorrentes para a série, como cristais, classes mágicas e a eterna luta entre luz e trevas.
Final Fantasy II seguiu o padrão de narrativas independentes, apresentando um novo mundo e heróis: Firion, Maria e Guy, que se unem à resistência contra o Império de Palamecia após a destruição de sua cidade natal. Este título marcou a estreia dos chocobos montáveis e do personagem Cid, ambos se tornando ícones recorrentes da franquia.
O maior diferencial foi o sistema de evolução baseado no uso de habilidades: quanto mais o personagem utiliza uma arma ou magia, mais proficiente ele se torna, abandonando o tradicional sistema de experiência. O enredo é mais desenvolvido, abordando temas de tirania, perda e amizade. Apesar de sua recepção dividida devido ao sistema inovador, FFII é valorizado por seu papel experimental e pelo aprofundamento narrativo, influenciando futuras séries da Square, como SaGa.
Final Fantasy III trouxe de volta elementos clássicos enquanto inovava com a introdução do sistema de jobs (mudança de classes) flexível, permitindo aos jogadores trocar de profissão e adquirir novas habilidades a qualquer momento. A trama gira em torno de quatro órfãos escolhidos pelo cristal para restaurar o equilíbrio do mundo ameaçado pelas forças das trevas.
O jogo também reintroduziu o sistema tradicional de experiência, melhorou a interface de combate e adicionou recursos como redirecionamento automático de ataques. Foi neste título que surgiram os famosos Summons (invocações de criaturas poderosas) e habilidades clássicas como Steal (Ladrão) e Jump (Dragoon). Apesar de só ter sido lançado internacionalmente em 2006, como remake para Nintendo DS, FFIII consolidou o sistema de jobs e invocações como parte essencial do DNA da franquia.
Lançado para o Super Nintendo, Final Fantasy IV marcou uma evolução narrativa e técnica, apresentando personagens mais profundos e uma trama dramática no cenário medieval. O protagonista Cecil Harvey, um cavaleiro das sombras, embarca em uma jornada de redenção, questionando sua lealdade e enfrentando a luta entre luz e trevas.
O grande marco foi a introdução do sistema Active Time Battle (ATB), que trouxe dinamismo às batalhas, combinando turnos com elementos de tempo real. O grupo de até cinco personagens, cada um com funções e habilidades únicas, exigia estratégias variadas. FFIV é considerado um clássico das JRPGs, estabelecendo padrões de narrativa emocional e apresentando elementos cinematográficos que moldaram o futuro da série.
Final Fantasy V trouxe de volta o tema dos cristais e aprofundou ainda mais o sistema de jobs. O enredo segue Bartz e seus aliados em uma missão para salvar os quatro cristais elementais do vilão Exdeath, equilibrando um tom leve e aventureiro com momentos dramáticos.
O grande destaque é o sistema expandido de jobs: mais de 20 profissões podem ser combinadas e personalizadas, permitindo criar personagens híbridos, como um cavaleiro com magias de cura. Novas classes, como o Blue Mage (capaz de aprender magias de inimigos), e a estreia do carismático Gilgamesh enriqueceram a experiência. Embora o enredo seja menos elogiado que o de outros títulos, a jogabilidade e a liberdade estratégica tornaram FFV um cult entre fãs e inspiração direta para futuros jogos como Final Fantasy Tactics e X-2.
Final Fantasy VI encerrou a era 16 bits e é frequentemente chamado de obra-prima dos JRPGs. Ambientado em um mundo que mistura magia e tecnologia steampunk, apresenta um elenco diverso sem protagonista único. A história aborda liberdade, tirania e apresenta o vilão Kefka, cuja vitória a meio do jogo leva o mundo ao colapso, um choque inovador na época.
No gameplay, cada personagem possui habilidades exclusivas, e a introdução dos Magcites permite ensinar magias a todos. A icônica cena da ópera mostra o potencial cinematográfico dos videogames, enquanto a trilha sonora de Nobuo Uematsu é considerada uma das melhores da série. FFVI é aclamado por sua profundidade emocional e narrativa, sendo referência entre os melhores jogos de todos os tempos.
Final Fantasy VII representou a entrada triunfal da série no mercado global e na era 3D. Ambientada em um universo de ficção científica com o icônico cenário distópico de Midgar, a trama segue Cloud Strife, um mercenário envolvido na luta contra a corporação Shinra e o lendário Sephiroth.
O sistema de Materia inovou ao permitir customização total de habilidades, e a introdução dos Limit Breaks trouxe ainda mais emoção aos combates. A narrativa cinematográfica, com cenas CG marcantes e temas de identidade e ecologia, conquistou o mundo, vendendo cerca de 10 milhões de cópias. FFVII não só popularizou o gênero JRPG no Ocidente como se tornou uma das obras mais influentes da indústria. Seu impacto permanece até hoje, com spin-offs, filmes e o aclamado Remake.
Final Fantasy VIII inovou ao adotar um estilo visual mais realista e uma atmosfera techno-fantástica. A trama acompanha o cadete Squall Leonhart e sua jornada de amadurecimento enquanto enfrenta a Feiticeira Edea e se envolve em um romance com Rinoa.
O sistema Junction revolucionou a customização: magias são extraídas de inimigos e equipadas para melhorar atributos, substituindo o sistema tradicional de níveis. Invocações Guardian Force também desempenham papel central. A trilha sonora trouxe a primeira música vocal da série ("Eyes on Me"). Apesar de divisões entre os fãs devido à complexidade do sistema, FFVIII é um exemplo de ousadia e evolução criativa na franquia.
Final Fantasy IX é uma homenagem às raízes da série, retornando ao cenário de fantasia medieval com personagens carismáticos e referências aos jogos anteriores. A história se passa em Gaia, focando no ladrão Zidane Tribal e a princesa Garnet, que tentam impedir uma guerra devastadora.
O sistema de habilidades é aprendido através do equipamento, incentivando a experimentação. Cada personagem tem uma classe única e habilidades próprias. O tom é leve e encantador, mas não deixa de abordar temas profundos como a busca de sentido na vida. FFIX é um dos títulos mais aclamados da série, celebrando o espírito clássico de Final Fantasy com modernidade e charme.
Final Fantasy X marcou a transição para o PlayStation 2, trazendo cenários totalmente em 3D e dublagem de personagens pela primeira vez. Inspirado por culturas do Pacífico e Ásia, o mundo de Spira é ameaçado pela criatura Sin. Tidus, transportado misteriosamente do futuro, se une à invocadora Yuna em uma jornada para libertar Spira.
A batalha utiliza o sistema CTB (Conditional Turn-Based), permitindo planejamento estratégico sem pressão de tempo. O Sphere Grid introduziu uma nova forma de evolução, oferecendo liberdade para customizar os personagens. As invocações (Eons) se tornam participantes ativos nas batalhas. FFX foi aclamado por sua história, trilha sonora e inovação técnica, sendo um dos jogos mais vendidos da série.
Final Fantasy XI foi o primeiro MMORPG da franquia, oferecendo aos jogadores um vasto mundo online chamado Vana'diel, com crossplay entre PS2, PC e Xbox 360. Cada jogador cria um personagem exclusivo e explora, combate e coopera com outros em tempo real.
O sistema de jobs foi expandido, permitindo múltiplas combinações de classes. O jogo enfatizava o trabalho em equipe e a comunidade, com guildas, comércio e campanhas cooperativas. FFXI teve enorme sucesso e influência, pavimentando o caminho para o futuro FFXIV e inspirando mecânicas de outros títulos da série.
Final Fantasy XII inovou ao apresentar grandes áreas abertas, combate em tempo real e o sistema Gambit, que permite programar o comportamento dos aliados. Ambientado em Ivalice, o jogo segue a princesa Ashe e o jovem Vaan lutando contra a ocupação imperial, em uma trama de intrigas políticas.
O License Board substitui níveis tradicionais, permitindo desbloqueio de habilidades e equipamentos conforme o jogador evolui. A versão Zodiac Age trouxe ainda mais customização com diferentes especializações de job. FFXII é reconhecido pela narrativa madura, profundidade do mundo e gameplay inovador, sendo referência entre RPGs de mundo aberto.
Final Fantasy XIII marcou a entrada da série na era HD, com gráficos de ponta e narrativa focada. No mundo futurista de Cocoon e Pulse, Lightning lidera um grupo de personagens marcados por um destino trágico.
O sistema de Paradigms trouxe dinamismo à batalha: os papéis dos personagens podem ser alternados instantaneamente, exigindo estratégias rápidas. Apesar de críticas à linearidade, a jogabilidade veloz, trilha sonora marcante e personagens carismáticos garantiram o sucesso e geraram duas sequências diretas, criando a primeira trilogia da franquia.
Final Fantasy XIV, segunda MMO da série, teve um início conturbado, mas renasceu como A Realm Reborn em 2013, tornando-se uma das MMOs mais lucrativas e respeitadas do mundo. O jogador cria seu personagem e explora Eorzea, participando de missões, raids e eventos em grupo.
Com múltiplas expansões elogiadas por suas histórias e conteúdo, FFXIV conquistou milhões de jogadores ao redor do planeta. A equipe liderada por Naoki Yoshida garantiu atualizações constantes e envolvimento da comunidade, transformando FFXIV em referência de sucesso e resiliência no universo dos jogos como serviço.
Após anos de espera, Final Fantasy XV trouxe uma nova era à franquia, focando em ação em tempo real e um mundo semiaberto. O príncipe Noctis e seus três amigos viajam de carro pelo reino de Eos, enfrentando ameaças e tentando retomar seu trono dos invasores imperiais.
O combate é dinâmico, com controles diretos sobre Noctis, teleportes, combos e a participação de aliados controlados por IA. O ciclo de dia e noite, caçadas, missões paralelas e mini-games enriquecem a experiência. Apesar de críticas à coesão narrativa inicial, FFXV foi um sucesso de vendas e mostrou a capacidade da série de se reinventar para novos públicos.
Final Fantasy XVI representa o ápice da evolução da série rumo ao combate totalmente em tempo real, abandonando de vez os turnos. Ambientado em Valisthea, um mundo de fantasia sombria com inspirações medievais europeias, a história segue Clive Rosfield e sua ligação trágica com o Eikon de fogo, Ifrit.
O combate, desenhado por veteranos de jogos de ação, oferece combos rápidos, habilidades de Eikons e batalhas espetaculares sem menus ou pausas. A narrativa aborda temas adultos como guerra, opressão e política, recebendo classificação etária "18+". Com estrutura mais linear, zonas amplas e um refúgio central, FFXVI foi aclamado por seu enredo, personagens e mecânicas de batalha, mesmo dividindo opiniões entre fãs tradicionais. O jogo marca uma nova era, onde cada Final Fantasy reflete seu tempo e visão, mantendo o espírito do épico e da inovação.
Final Fantasy Tactics é um dos spin-offs mais influentes, levando a série ao gênero RPG tático, com batalhas em campos isométricos e ênfase em estratégia. Ambientado em Ivalice, acompanha o cavaleiro Ramza Beoulve em uma trama política densa e repleta de reviravoltas.
O sistema de jobs foi adaptado e expandido, permitindo combinações únicas de habilidades. As batalhas consideram terreno, altura e direção de ataque, exigindo planejamento cuidadoso. FFT estabeleceu o universo de Ivalice, que seria explorado em outros jogos, e consolidou a qualidade narrativa dos spin-offs. Um remaster, "The Ivalice Chronicles", está previsto para 2025, confirmando sua popularidade duradoura.
Lançado para PSP, Crisis Core: Final Fantasy VII é um prelúdio centrado em Zack Fair, soldado da organização SOLDIER e mentor de Cloud Strife. O jogo explora eventos importantes antes de FFVII, incluindo as origens de Sephiroth e os experimentos da Shinra.
A jogabilidade mistura ação em tempo real com o sistema inovador "Digital Mind Wave", que adiciona elementos de sorte ao desbloqueio de habilidades e evolução. O enredo emocionante e a profundidade dos personagens tornaram Crisis Core um dos spin-offs mais apreciados. O remaster "Crisis Core Reunion" renovou gráficos e combate, reacendendo a paixão dos fãs pelo universo de FFVII.
Final Fantasy Type-0, originalmente lançado para PSP, destaca-se por seu tom sombrio e dramático. Acompanhamos a Classe Zero, um grupo de 14 estudantes mágicos, na defesa do Dominion de Rubrum contra a invasora Império Milites.
O combate é dinâmico, com até três personagens jogáveis em missões de guerra, cada um com armas e estilos únicos. A narrativa madura explora temas de sacrifício e a efemeridade da memória, diferenciando-se do tom tradicional da série. O relançamento em HD expandiu seu alcance, tornando-se um cult entre os fãs e influenciando diretores que trabalharam em FFXV.
Além dos títulos acima, vale destacar Final Fantasy X-2 (primeira continuação direta da série, com sistema Dressphere inovador), Dissidia Final Fantasy (fighting game reunindo heróis e vilões de vários títulos), Final Fantasy Crystal Chronicles (action-RPG cooperativo) e Theatrhythm Final Fantasy (jogo de ritmo celebrando as trilhas sonoras da franquia). Esses spin-offs ampliaram os horizontes da série, atraindo novos públicos e enriquecendo o universo Final Fantasy.
A Square Enix frequentemente revisita seus clássicos com remakes e remasterizações. Final Fantasy I-II receberam ports aprimorados para PlayStation e GBA, enquanto FFIII e FFIV ganharam remakes em 3D no Nintendo DS. A coleção Final Fantasy Pixel Remaster (2021-2023) trouxe versões atualizadas dos seis primeiros títulos, com gráficos pixelados modernos e trilhas reorquestradas.
O maior destaque é Final Fantasy VII Remake (2020), uma reinterpretação ambiciosa do clássico, explorando profundamente a cidade de Midgar e atualizando totalmente a jogabilidade e narrativa.
Após anos de expectativas, Final Fantasy VII Remake foi lançado como uma experiência completamente nova, cobrindo a primeira parte da história original (Midgar) e expandindo-a para cerca de 40 horas de conteúdo. Com gráficos e trilha sonora de ponta, o combate mistura ação em tempo real e elementos táticos de pausa, permitindo alternância entre personagens e estratégias variadas.
O enredo respeita a essência do clássico, mas adiciona novos elementos e personagens, aprofundando o universo de Midgar. O sucesso foi imediato, vendendo milhões de cópias e recebendo prêmios de melhor RPG do ano. O Remake não só atraiu uma nova geração de fãs, como também homenageou os veteranos, prometendo continuar essa saga com as próximas partes.
Desde 1987, a série Final Fantasy evolui constantemente, seja tecnicamente (do pixel ao realismo virtual) ou em termos de jogabilidade (dos turnos ao action RPG). Cada título principal - de I a XVI - reflete o espírito de sua época, misturando mundos envolventes, personagens marcantes e tramas emocionantes. Spin-offs enriqueceram o universo, explorando novos gêneros e histórias paralelas, enquanto remakes conectam o passado ao presente para novas gerações.
O segredo da longevidade da franquia está em sua capacidade de se reinventar, sem perder o núcleo de fantasia épica, inovação e emoção. Assim, Final Fantasy permanece como um dos pilares da cultura dos videogames, com cada capítulo sendo uma "fantasia final" para o seu tempo.